FRACASSO ESCOLAR: PROBLEMATIZANDO RESPONSABILIDADES DO ENSINO/APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA
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Teodoro Gonçalves Silva
Orientadora: Profª. Dra. Libertad Borges Bittecourt
Resumo: O presente artigo tem
por finalidade problematizar as causas e as possíveis soluções para o fracasso
escolar, buscando examinar também o papel que se atribui à escola, ao educador
e à sociedade nesse processo, incluindo a analise de fatores internos e
externos à instituição de ensino. A metodologia adotada será a pesquisa
bibliográfica. Espera-se, como resultado, compreender a problemática que
envolve o fracasso escolar, apontado pelos autores arrolados para debater o
assunto, objetivando instigar o debate tanto por parte da sociedade quanto
pelos profissionais da área a respeito do tema.
Palavras-chave: História, ensino e fracasso escolar
Abstract: This article updates by O
tem problematize Propose as causes and as Possíveis or school fracasso soluções
for seeking review or paper também attributable à escola, educator and à
sociedade ao processo nesse, incluindo to analise internal and external fatores
à instituição of ensino. A methodology
will be to adotada bibliographic research. Wait, is, as a result, problems that
compreender to evolve or school fracasso, apontado hairs for authors arrolados
debater or assunto, aiming to incite or debate both by da sociedade da quanto
hairs profissionais area respeito do it.
Keywords: History,
teaching and school failure
A história, como uma
ciência histórica que é produzida ou faz menção à historia em processo, seus
progressos e avanços na busca de rigor cientifico, questionando as verdades
absolutas e passando pela História da Educação brasileira, possibilitará o
estabelecimento de uma analise a respeito da problemática do fracasso escolar,
questão que aqui examinaremos.Esta não pode ser analisada sem a contribuição de
autores que são referência na área educativa e suas principais obras a respeito
do tema em debate.
Como licenciado em
História e na condição de aluno do curso de Especialização em Historia Cultural
considero de suma importância suscitar o debate sobre o baixo rendimento
escolar e as problemáticas disso decorrentes, para que se possam encontrar
soluções ou meio de enfrentar a questão na pratica educativa. Pretende-se
investigar os fatores internos e externos ao ambiente escolar, que podem levar
ao fracasso. Observando que a falta de interesse para a formação de
profissionais da educação ampliou-se devido à má remuneração e desqualificação
da atividade docente e pouco investimento na área educativa.
Nesse sentido,
especialistas assinalam que o fracasso pode estar relacionado a uma serie de
questões como à má formação dos profissionais da educação e também às grandes
disparidades econômicas e sociais que influenciam no processo de ensino e
aprendizagem dos discentes em todos os estados brasileiros.
Nesse passo, Paulo Freire destaca a
necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto
ser ele um ser social-histórico. Define essa
postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética,
a qual chama de "ética universal do ser humano" (FREIRE, 1996, p.16).
Afirma ainda que "não há docência sem discência" (FREIRE, 1996, p.23), pois "quem forma se reforma ao formar, e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado" (FREIRE, 1996, p.25). Ao
mesmo tempo reitera que "quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina
ao aprender" (FREIRE, 1996, p.25).
O autor propõe uma
educação de parcerias professor x alunos. Uma perspectiva interessante, pois
talvez esteja ai uma das razões do fracasso escolar ou do não aprendizado
desejado, seja pelo fato do professor não falar muitas vezes a linguagem do
aluno e este não entender a linguagem do professor. Ainda segundo Freire, a
realidade do aluno não deve ser desconhecida para o professor; quando este não
produz, não demonstra interesse pela aula e assim por diante; é papel do
professor, além de transmitir o conhecimento, se preocupar com esta questão.
Para Freire, a profissão
de educador requer aceitar os riscos do desafio do novo, enquanto inovador,
enriquecedor e rejeitar quaisquer formas de discriminação que separe as pessoas
em raça, classes. Acima de tudo, ensinar exige respeito à autonomia do
educando, tópico muito mencionado, mas efetivamente pouco considerado.
Freire defende ainda que
não se poderá separar "prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância
de saber, respeito ao professor aos alunos, ensinar à aprender" (FREIRE, 1996, p.106 a
107). E insiste na "especificidade humana do ensino, enquanto competência
profissional e generosidade pessoal, sem autoritarismos e arrogância. Só assim,
nascerá um clima de respeito mutuo e disciplina saudável entre a autoridade docente
e as liberdades dos alunos, reinventando o ser humano na aprendizagem de sua
autonomia" (FREIRE, 1996, p.105).
Na escola e na vida
encontram-se a multiplicidade de sujeitos e modo de viver, pensar e ser. Mas se
encontra também características e marcas que identificam como seres humanos,
pertencentes a um período histórico, a uma região geográfica e a tantas outras
classificações. E sendo sujeitos culturais, criam-se vínculos, sentimentos,
mundos, literaturas, modas, arte etc. Tudo enreda e diz que mesmo sem caminhos
traçados constroem-se historias e cultura que enraízam, envolvem e identificam
a escola. Sendo, portanto, lugar de encontro de muitas pessoas, lugar de
conflitos.
É na tensão viva e dinâmica desse movimento
que se organiza a principal função social da escola: ensinar e aprender para
professores, crianças, funcionários, famílias. É importante que na passagem do
ensino fundamental para o médio não haja rupturas no processo de
ensino–aprendizagem, mas que haja continuidade. Relacionar as atividades do
cotidiano de suas casas e espaços próximos, também aprendendo e dando sentidos
à realidade viva do mundo que as cerca, com cuidado para a compreensão de tal
fator. É essencial que elas possam sentir a escola como um espaço diferente de
seus lares, visto que aquele se organiza como espaço publico e não privado como
a casa, se sintam acolhidas e também possam continuar aprendendo criativamente.
Assim a escola pode ser um lugar de afirmação do que as crianças e os
adolescentes necessitam e sabem ao mesmo tempo que os leva a mudanças
significativas, podendo enxergar novas possibilidades de vida.
Maria Helena Sousa Patto
(1999) define algumas possíveis causas do fracasso escolar:
Ø
A inadequação da escola
decorre principalmente de sua má qualidade, da representação negativa que os
seus profissionais tem da capacidade dos alunos, consequência da desvalorização
social, dos seus usuários mais empobrecidos;
Ø
O fracasso da escola
pública elementar é o resultado inevitável de um sistema educacional
congenitamente gerador de obstáculos e realização de seus objetivos;
Ø
Esse fracasso é
administrado por um discurso cientifico estudado em sua competência, naturaliza
esse fracasso aos olhos de todos os envolvidos nesse processo.
Ø
A rebeldia pulsa no corpo da escola e contradição
é uma constante no discurso de todos os envolvidos no processo educativo sob
uma aparente impessoalidade, pode- se captar a ação constante da subjetividade:
burocracia não tem o poder de eliminar o sujeito; pode, no máximo, amordaçá–lo.
Em face disso, o ensino
da Historia, portanto, não pode ignorar a realidade da interação aluno e
professor, como assinalado:
Como afirmamos em outro momento, e pela
é na interação sujeito (professor e aluno) - objeto e realidade, a partir da
pratica social do presente que se constrói o conhecimento novo, mesmo que este
objeto se situe, e epistemologicamente, no passado. A reconstituição do passado
não escapa da avaliação do presente, da mesma forma que a compreensão do
presente em construção esta comprometida com o seu passado (HORN & GERMINARI, 2010, p.64).
Assim, o conhecimento novo da historia a ser construído
será o resultado desse processo da reconstituição do passado, que não deve
escapar à avaliação do presente, reiterando que a compreensão do presente se relaciona
com o passado. Passado, presente e futuro não são indissociáveis, em uma
dialética desejável:
Na realidade, a analise sobre o saber
escolar em geral é, em particular, do ensino, da forma que é apresentada por Saviani,
coloca-nos diante de um outro desafio,
ou seja, o de compreendê-los a partir dos dois métodos básicos da produção do
conhecimento: a lógica formal e a lógica dialética. Principalmente, por que
servem de referencial de analise para localizar epistemologicamente a questão
metodológica (HORN & GERMINARI 2010, p. 69).
Essa questão, portanto, é desafiante, para não se perder de
vista que o ensino e aprendizado são dinâmicos. Sob essa perspectiva, a
História, nos dia de hoje, também constitui um campo de estudo bastante
especializado, dedicado à produção de um saber especifico para o qual tem
concorrido praticas e conceitos que devem ser apreendidos pelos historiadores
em formação (BARROS, 2011). Assim, de acordo com o autor, o aprendizado da
Historia, como de qualquer ciência, precisa formar o historiador como deve ser
formado o bom médico o advogado ou outro qualquer profissional especializado:
Assim, a luta do
historiador e/ ou professor de Historia (...) é a luta contra a injustiça a
favor da justiça social sem exageros, e sem querer transformar o professor num
'justiceiro implacável'. O professor pode muito, mas não pode tudo. É, o ensino
de Historia não pode se confundir com a letra da lei, nem com matérias didáticos,
nem com a reprodução mecânica de clássicos da historiografia brasileira, nem
mesmo com operações que passem exclusivamente pelo árbitro burocrático docente
(...). a proposta do autor citado é a de que a Historia romperá com o processo
de exclusão quando encarar que toda pessoa é potencialmente um ser critico e
criativo, capaz de pensar e não meramente produzir (SILVA, www.faced.ufu.br, acessado em 06/08/2013).
A autora enfatiza que o ensino de História deve propiciar e
despertar no aprendiz uma consciência histórica- critica e fazê-lo despertar
para a sua postura cidadã; isto é, levá-lo a ser alguém menos manipulado
socialmente e, mais, levá-lo a ocupar seu espaço no mundo, como sujeito
histórico.
Por sua vez de acordo
com PINSKY (2009): “esmagado duplamente, de um lado pelo herói, do outro pelo
‘processo’ do qual era vítima passiva, o homem começa a ser descoberto como
agente real da história, como aquele que atua para que ela possa ocorrer”. (p.
6). Pinsky assinala esse tópico a respeito da história; o homem em muitas
circunstâncias teve que calar-se, ocultando o pensado e sentido.
Nessa mesma reflexão, Freire, quando afirma que o aluno deve
ser escutado, reitera que ele precisa expressar-se em sala de aula, tem a mesma
conotação do homem na história. Quem se expressa historicamente não é, na
maioria das vezes, o homem que faz a história acontecer. Na sala de aula, com
frequência, o aluno que não tem voz e vez, inibe-se. O que “sabe mais”
sobressai. Esta colocação, evidentemente, quer fazer um paralelo com a
afirmação pinskiana e a posição de Freire em relação à voz do aluno. Muitas
vezes, o saber pode ficar silenciado na sala de aula e na vida: “sabe mais quem
fala mais?”
PINSKY menciona o silêncio da mídia em relação ao que é mais
importante na história e se volta para aquilo que chama mais a atenção, mas que
tem, historicamente, importância secundária. O aluno em sala de aula, que tem
dificuldade de se expressar, está verbalizando seus conhecimentos, não pode ser
considerado a figura menos importante no processo da aprendizagem.
O ensino da história como qualquer outra ciência, deverá ser
um ensino não afeito ao pitoresco, mas o mais possível próximo do real. De
acordo com o autor, falando do ensino da história do Brasil: “Essas concepções
ficaram a tal ponto arraigadas, de tal maneira elas continuam sendo
reproduzidas pelos manuais didáticos, que se torna difícil mostrar aos
estudantes que são falácias, representações decorrentes de uma visão
ideológica” (PINSKY, 2009, 13).
O papel daquele que ensina história, que forma consciências
para um amanhã da história com mais informações confiáveis e ampliadas, é
transpor didaticamente aquilo que conhece e sabe para que o aprendiz forme-se
tendo mais habilidade para saber distinguir aquilo que recebe e receberá,
sabendo questionar e não permanecer numa postura e atitude dogmáticas.
De acordo com CHEVALLARD,
Um conteúdo de saber que tenha sido
definido como saber a ensinar, sofre, a partir de então, um conjunto de
transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os
objetos de ensino. O trabalho que faz de um objeto saber a ensinar, um objeto
de ensino, é chamado transposição didática. (CHEVALLARD, Yves.Transposição
Didática, Rio de Janeiro. Disponível em: WWW.dbd.puc-rio.br, p.45 Acesso em
12/08/2013)
A necessidade de adaptação do conhecimento, no que diz
respeito a ensiná-lo de modo amplo, é considerada unânime no campo educacional,
tanto no que se refere aos trabalhos teóricos, quanto na prática cotidiana nas
relações de ensino e aprendizagem.
De acordo com a afirmação acima, é função daquele que ensina
história tornar-se um facilitador para que o ensino e a aprendizagem se tornem
menos áridos. Nesse sentido, é
importante enfatizar que a função pedagógica é buscar metodologias para
facilitar e mediar a apreensão dos conteúdos.
De acordo com PINSKY (2009), ao lidar com a história nada
pode ser deixado de lado ou encoberto; é o que ele fala de Varnhagen, quando este
tratou da História do Brasil, reforçando estereótipos difíceis de serem
superados nos livros didáticos. Por isso é necessário atenção e espírito
investigativo, para que, na medida do possível, nada da narrativa histórica
seja deixado à margem ou “encoberta”:
O que nos interessa aqui é perceber que
algumas ideias básicas de Varnhagen, relativamente ao surgimento da nação,
acabaram se tornando lugar-comum e aparecendo como fatos indiscutíveis em
praticamente todas as obras didáticas posteriores, até hoje. Ao falar do
sentimento nativista, do estrangeiro explorador, da unificação nacional além e
acima das desavenças eventuais, passa-se ao aluno uma visão de mundo que tem a
ver com o seu presente e não com o passado supostamente narrado com
objetividade. Integra-se o aluno numa corrente secular de pertinência e
identidade que inclui, ao mesmo tempo, a luta contra os holandeses em
Guararapes, contra os italianos e argentinos no futebol, contra os adversários
de nossos pilotos nos circuitos automobilísticos, e contra os inimigos eternos
que, com “ideologias exóticas” pretendem solapar a unidade nacional (PINSKY, 2009, 16 a17).
Apenas olhando a História pelo retrovisor do carro
(expressão que usei na minha monografia, concluindo o curso de história, e
também usei essa expressão em sala de aula), é que se pode aos poucos ir vislumbrando a dimensão dos eventos. Os óculos escuros
pelos quais enxergamos e como a História nos é contada muitas vezes impedem-nos
de uma visão mais apropriada dos acontecimentos. Cada um tem o seu olhar, sua
postura e ideologia, pois cada um bebe em fontes diferentes.
Sob essa concepçao, PINSKY (2009), ao tratar da escravidão
no Brasil, assinala que muitas leituras desse processo apontam que “esta teve
um caráter benigno, graças ao espírito generoso do português”. (p.18-19),
escamoteando as tensões e a violência que perpassaram o processo. Pode se
depreender das suas colocações que negar o problema, negar o preconceito em
relação ao negro, ou ao pobre, ou qualquer outro grupo ou realidade, é guardar
o fantasma e evitar-se a luta contra o que não está no seu devido lugar. Negar
a realidade fica aparentemente mais fácil do que enfrentar os problemas;
contudo, agindo assim, não se contribui para que a realidade histórico-social e
política supere o alijamento desses segmentos sociais.
Reforça-se também o argumento de que, em muitas
circunstâncias, a história que o indivíduo aprende está muito descolada do seu
contexto pessoal e social, pois esta é construída pelos ideólogos, (uma
história produzida em gabinetes) e não a história real, que está mais próxima
da pessoa. Sobre esse aspecto, é preciso assinalar que isto ocorre não somente
em relação à história, mas em relação às ciências em geral, principalmente às
ciências sociais. O acesso generalizado à informação tem mudado também as
concepções didáticas:
Isto se deve porque até 1940, o acesso
à escola pela grande maioria da população, ficava muito aquém; a partir de
1950, isto foi sendo melhorado, com maior participação da população na vida
estudantil e, uma visão mais aberta e crítica foi sendo formada (PINSKY, 2009,
p. 20).
A partir de 1960, de acordo com o autor, a história
positivista ensinada nas escolas até então, passa a ser considerada como uma
visão reacionária da sociedade e uma equipe de estudantes começa a formar
grupos de estudo e a realidade começa a ser questionada. Figuras como Caio
Prado Júnior, R. Marques, Celso Furtado e muitos outros, se tornam a base
ideológica para esses grupos que começam a se robustecer (PINSKY, 2009):
Nessa direção, pode se captar alguns
sinais alentadores. Há um maior rigor nos estudos históricos; cultiva-se
verdadeiro horror pelo discurso demagógico e populista; verifica-se a superação
dos esquemas teleológicos. Com isso novos objetos e metodologias penetraram no
universo limitado e já mofado da velha história. E os melhores profissionais,
assim como significativos grupos de professores, já estão saindo atrás do homem
(e da mulher) na história (PINSKY, 2009, p. 25).
Assim, de acordo com o autor, começou a existir uma mudança
de perspectiva na História do Brasil e vislumbrou-se uma melhora no ensino da
História nas escolas. Começou-se a perceber uma desconexão entre o discurso
daquele que ensinava história em relação àqueles que estavam aprendendo-a.
Se o ensino da história não instrui, não educa e não leva os
seus aprendizes a uma visão crítica/consciente e transformadora, deve continuar
sendo ensinada sob a mesma concepçao? Ainda de acordo com Pinsky, o homem
começa a ser descoberto (antes esmagado pelo herói e pelo processo), e este vem
à tona e atua para que a história possa acontecer. De espectador passivo, passa
a agente ativo e a diferença entre “história natural e a História deixa de ser
apenas uma concepção teórica e passa a entrar na vida do historiador e do
estudante” (2009, p. 26)
“Busca-se historicidade, evita-se o historicismo: ao se
tratar de um homem noutro momento histórico, resgata-se sua particularidade sem
abandonar sua universalidade enquanto ser humano”. (PINSKY, 2009, p. 26). Sendo
assim, o objeto da história, o homem, se tornou um pouco mais concreto. Afinal,
falar do homem com ele distante, deixando-o à margem ou para trás,
deslegitimará a mesma, tirando dela aquele que é essencial para que ela
aconteça.
A ideia de que existe um conhecimento característico não é
certamente nova. Precisamente, uma das razões de ser do saber-fazer pedagógico
tem sido a de propiciar a elaboração da cultura transmissível para que seja
assimilável por determinados receptores, desde que Comenius pensou a didática
como a arte de ensinar todas as coisas a todos.
É o ensino que deve se adaptar ao estudante, e não o
contrário. O professor (a) tem a responsabilidade de fazer o ensino ser
assimilável pelo aluno. Afinal, é ele quem está se instruindo e isto deve ser feito
com cuidado e responsabilidade por quem o faz, para que o discente seja capaz
de enfrentar o mundo, enfrentar a vida.
Qual a razão porque se escuta muitas vezes: “não gosto de
matemática”; “não gosto de português”, outro não gosta de história, física ou
química? Não seria pelo fato de tais ciências terem sido passadas, ensinadas,
como sendo algo pesado, difícil e distante, que só quem é muito capaz e
inteligente pode aprender?
E os alunos que tem dificuldades, portadores de necessidades
especiais, que na psicologia se chamam especiais? Se essas crianças não tiverem
uma atenção especializada, a marginalização delas começa na escola. Podem fazer
o caminho inverso, escola, família e grupo. PATTO (1999) trata enfaticamente
dessas questões. Não é em vão que o seu livro tem o nome, A Produção do Fracasso Escolar: história de submissão e rebeldia:
Falar de um saber e da sua transmissão,
com efeito, é reconduzir a imagem da caixa preta; aquela da sala de aulas onde
supõe-se a transmissão de um suposto saber, onde não iremos olhar e, se formos,
veremos primeiro o professor, depois os alunos, e quase nunca o saber, sempre
invisível, como a filosofia medieval (...). De fato, carecemos cruelmente de
conhecimento sobre a vida ‘íntima’ dos saberes nas salas de aulas: a metáfora
substancialista que comporta a pretensa transmissão do saber explica, em grande
parte, esse desconhecimento. (CHEVLLARD, Yves.Transposição Didática, Rio de
Janeiro. Disponível em: WWW.dbd.puc-rio.br, p.49. Acesso em
12/08/2013)
Esse pode ser um risco a que se pode incorrer: falar do
saber, do conhecimento, mas ficar na abstração. Para evitar isso, o aluno deve
ser conquistado, fisgado; a sala de aulas deve ser, para ele (a), o lugar do
encontro, espaço que lhe propicie prazer. Caso contrário estudar, aprender se
torna enfadonho e pesado. Usando uma expressão de Paulo Freire, o professor
precisa criar parcerias com o aluno para que este se sinta valorizado,
importante. Estudar, assim, se torna uma necessidade prazerosa, e não um peso,
algo aborrecido e sem perspectiva:
(...) A história que se conta às
crianças, aos adultos, permite, ao mesmo passo, conhecer a identidade de uma
sociedade e o estatuto desta através dos tempos. Assim, aprender o estatuto da História
no Brasil é acompanhar a constituição do campo e do método da história que
privilegia. E é também reforçar e instituir uma memória na qual a história
serve de legitimadora e justificadora do projeto político de dominação
burguesa, no interior do qual a escola secundária (hoje ensino médio) foi um
dos espaços iniciais de formação da elite cultural e política que deveria
conduzir os destinos nacionais, em nome do conjunto da nação (Nadai, 2009, p.
30 a 31).
Deixando-se conduzir pelo pensamento da autora acima, o
ensino da história também pode se prestar tanto a legitimar uma ideologia
vigente, como também pode contribuir para formar consciências e cidadãos
responsáveis, que queiram e lutem por uma nação mais igualitária, sem divisões
e diferenças entre seus concidadãos. Assim, a ciência deve se prestar a
beneficiar a vida dos indivíduos e isso, de alguma forma, deve ser mostrado em
sala de aula. Senão, pode se tornar um estudo vazio, abstrato e sem sentido
para a vida das pessoas.
De acordo com MICELI (2009, p. 38) “a escola não é a única
responsável pela educação do cidadão; esta trás algo já aprendido na família,
no grupo, nos ambientes que ele frequenta. Este saber na escola poderá ou não
ser ampliado, desenvolvido”. O que faz lembrar FREIRE (2009) quando afirma que
o aluno trás do seu meio o seu conhecimento; e isto, na escola, não deve ser
ignorado. Além do saber que o aluno já detém, há também as experiências de
vida; suas perspectivas, anseios e assim por diante. Tudo isso vai contribuir,
sem dúvida, para a formação do ser-pessoa.
Ainda, segundo o autor, “(...) A diferença é que ensinar
História também significa comprometer-se com uma estética de mundo, onde
guerras, massacres e outras formas de violência precisam ser tratados de modo
crítico” (Miceli, 2009, p.39).
Ensinar História é, portanto, formar o homem e a mulher para
enfrentar a vida e, como tal, contribuir para que esta seja vivida com
dignidade. É também levar o indivíduo a perceber que a sua história pessoal
está dentro da grande História. Aquele que aprende história precisa ter
desenvolvida essa consciência: saber que é parte de um todo, de uma História
cada vez mais inclusiva e inovadora.
O que fazer para a educação, o ensino de História empolgue,
faça o aluno (a) gostar de aprender? MELO (1987) na primeira orelha do livro, o
manuscrito perdido de Freud, inicialmente trás esse pensamento de Fernando
Pessoa:
O mythos é o nada que é
tudo.
O mesmo sol que abre os
céus;
É um mithos brilhante e
mudo_
O corpo de Deus, vivo e
desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo
É nos criou
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá La decorre
Em baixo, a vida, a
metade.
De nada morre.
Trata-se evidentemente de um trecho belíssimo, que pode
trazer e levar muitas inspirações. Mais,
tratando da educação e do ensino de História, da forma como se estabeleceu no
nosso país, é fundamental um processo de longo prazo e de um planejamento
englobante ( a educação, que se pode fazer para que esta realidade possa
mudar).
Mais à frente, página: 37 o autor coloca como epigrafe um
pensamento de Irwin Edman[1] (1896- 1954): “A educação é o processo de jogar
falsas perolas a verdadeiros porcos” ( EDMAN apud, MELLO,1987, p. 37).
As estatisticas educacionais apontam ainda o “desinteresse”
dos alunos em aprender, devido a
diversos fatores: sociais, econômicos, etc.,
bem como a invasão nas escolas
dos problemas gerados em casa, na rua e que podem vir a tona no espaço escolar.
Fundamental registrar a questão das drogas; é um fator que está a cada dia mais
presente no ambiente escolar. Também a agressão de alunos a professores cada
vez mais ocupa espaço na midia. Não é por acaso que os cursos de licenciatura
não estão sendo muito procurados atualmente.
Um artigo reitera as
dificuldades enfrentadas pelos professores e menciona a diminuição da procura
nos cursos de licenciatura. A diminuição da procura para os cursos de
licenciatura na UFG (veja Rodrigues Galtiery: Concorrência cai 60% em sete
anos) – O popular caderno cidades 07/11/2013. E dia 17/11/2013 saiu o
complemento dessa matéria: (Que fazer com o diploma?): “A baixa
concorrência dos cursos de licenciatura, oferecidos pela UFG é um retrato do
desinteresse crescente pela carreira de professor”. E prossegue: “(...) a
situação é uma das principais preocupações do ministério da educação, hoje,
pois não acontece somente em Goiás, mais em todo o país”. ( Cadernos de cidade.
O Popular, Goiânia 17/11/2013).
Caetano Veloso, reportando Fernando Pessoa, canta uma
musica que diz: “navegar é preciso”. Aqui no contexto da educação/ ensino de
História, pode se parafrasear e dizer: ensinar
ir a frente é preciso. Diz a ultima estrofe da poesia/pensamento de
Fernando Pessoa. Quando a ventania é muito forte não adianta enfrentá-la; esta
pode levar quem a enfrenta. Melhor,
deixar a ventania passar, para depois continuar a jornada.
Ainda nessa abordagem,
objetivando valorizar o entorno do aluno, Elias Nazareno[2] (16/11/2013) na aula do curso de Pós- graduação em
História Cultural da UFG, mencionando sua experiência nas aulas na Licenciatura
indigena assinalou: “O que é mais importante, é dar uma aula de Geografia para
os índios ou falar a eles de plantas que eles usam como remédios”?
Será que não falta essa
sensibilidade aos que estão na sala de aula? Muitas vezes, aulas enfadonhas,
assuntos que não dizem muito à realidade dos alunos; porque então não se tentar
temas que venham responder as expectativas deles? É fácil? Evidentemente que
não. Existe uma estrutura que está acima do professor e das suas possibilidades.
Mas se quiser uma escola formadora e humanitária, algo terá que ser feito nesse
sentido.
Para a efetivaçao desse
projeto, teria que ser uma escola que a sociedade almejasse, não a escola como
tem sido, para onde se manda a criança
por causa da merenda ou para os pais irem trabalhar (escola deposito de
crianças); escola como esta com padrões milenares estabelecidos, numa ótica e
perspectiva de quem sabe, para ensinar a quem não sabe, segundo Alexandre
Martins de Araújo[3] em 09/11/2013 em sala de aula, falando para a mesma
turma do curso de Pós-graduação em História da UFG.
É necessária uma
pedagogia na qual e com a qual o aluno seja levado em conta e possa encontrar
sentido e significado nos estudos para sua vida. O estudo precisa propiciar
prazer ao aluno, senão não vai jamais atrair sua atenção.
De acordo com Assmamn
(2004) é preciso reencantar a educação. O ensino precisa gerar no aluno o
encanto pelo aprender (2004, p. 132):
Aprender é tão pouco pura adaptação,
que implica reagir em resposta a um contexto não necessariamente de êxito
crescente. Só se pode falar de APRENDIZAGEM quando o comportamento aumenta
manifestamente a eficácia com a qual se processa a informação de maneira que se
alcançam os estados desejados, se evitem os erros, ou uma parte do mundo
ambiente passe a ser controlada. A consciência
pode estar envolvida ou não. Aprender com tentativa e erro é um processo
no qual a retroalimentação (feedback) acerca dos erros previne que o
comportamento sem êxito não se repita (...)
É em outras palavras, o
que FREIRE (1996) dizia que para o bem ensinar e bem aprender o professor
precisa fazer parcerias com o aluno.
Os erros, a correção dos
mesmos, não é para dizer ao aluno que
ele não sabe, não aprendeu porque é incapaz, mas dizer que ele pode aprender,
pode crescer e melhorar. Afinal, corrigir é também educar e educar não quer
dizer diminuir o outro, mas apontar o caminho à frente e dizer que ele pode
percorrê-lo.
Se isso for feito, se o
assunto disser algo à vida do aluno ele, certamente, ampliara o interesse e o
aprendizado fluirá. Mas o professor terá também de encontrar estímulos e
respaldo por parte do Estado e da sociedade. Professor mau pago, sem plano de
carreira, sem descanso necessário para estudar, pesquisar, nao vai ter entusiasmo
para enfrentar a sala de aula; muitos trabalham durante o dia e a noite vão
para o colégio: tanto o professor quanto o aluno. Qual a disposição para o
estudo? Chega a sala de aula com as energias minadas.
Assmamn (2004, p.123)
destaca: “ Ainda não existe vento favorável para quem não sabe a onde vai” e,
“para empinar papagaio ( pipa ou pandorga), só mesmo quem fareja horizontes.
Navegar, saber aonde ir e
farejar horizontes é função do educador; aquele que quiser ser um abridor de
caminhos para trilhar e levar seus discípulos a fazer o mesmo. O ensino exige
isto. E o ensino de história não é diferente dos outros, como a física,
matemática, etc.
A Maiêutica socrática
aqui poderá ser aplicada por quem ensina: aprender
a ensinar; tão sofrido quanto dar à luz ao conhecimento. Talvez uma das
dificuldades seja, por parte daquele que ensina, a achar que já sabe tudo!
PROST (2008, p. 147) diz:
De fato, na história, compreender é
sempre, de certa maneira, colocar-se pelo pensamento no lugar daqueles que são
objeto da história que se escreve. Tal procedimento supõe uma verdadeira
disponibilidade, uma atenção e uma capacidade de escuta; a vida cotidiana é que permite o aprendizado de todos esses
aspectos.
O autor se refere aqui à
relação que deve haver entre aquele que escreve sobre a história e aqueles que
leem e aqueles que procuram se inteirar de questões históricas.
Aqui no contexto do
ensino de história nada impede que isso venha a ocorrer, essa interação entre
professor e aluno. E isso possibilitaria, sem duvida, maior interesse por parte
daquele que aprende, está aí para aprender. Vai se sentir parte integrante do
processo.
Mas compreender “bem” é simplesmente
compreender. O que supõe certa forma de convivência, de cumplicidade com o
outro: é necessária a disposição de entrar em sua personalidade, enxergar com
seu olhar, sentir com sua sensibilidade, julgar de acordo com seus critérios. A
compreensão adequada faz- se somente a partir de dentro. Esse esforço que
mobiliza a inteligência implica zonas mais intimas da personalidade; é
impossível permanecermos indiferentes àqueles que já foram assimilados por
nosso entendimento. A compreensão, também, é uma simpatia, um sentimento (...)
“uma amizade”( PROST:2008, p. 147 a148)
Quem nunca se sentiu orgulhoso, quando o professor/professora
fez um comentário positivo sobre o seu trabalho, uma prova, uma boa nota! A
sala de aula pode ser também propiciadora para o surgimento de uma amizade
simpatia e apreço pelo professor/ professora e vice versa! Quem não tem boas
recordações e saudades de um professor/ professora que o fez crescer como
aluno, como gente, como pessoa? Quem não pode dizer isso... é uma pena! Passou
pela escola e não vivenciou a mesma.
Nesse sentido, ensinar
História é também descobrir-se e levar os outros ou contribuir para que as
pessoas se percebam no espaço em que vivem e na história:
No entanto, ao descobrir-se, o
historiador descobre que é capaz de se colocar no lugar de inumeráveis
personagens diferentes. Ele recapitula, de algum modo, em si mesmo, uma boa
parte da humanidade, em uma infinidade de situações. A história seria menos
fascinante se não combinasse, assim, um conhecimento aprofundado com a
descoberta dos outros (PROST, 2008, p. 152).
É um exercício e tanto!
Mas, a tarefa do professor/professora não é senão criar pontes entre as
pessoas; aliás, o educador tem essa tarefa.
E na sala de aula
percebe-se quem faz as coisas porque gosta e se realiza naquilo que faz. Sempre
tem tempo para atender os alunos, não gera distancia entre si e seus
aprendizes. A vida escolar nos mostra muito isso. Aquele/a que faz da sala de
aula o seu espaço gerador de vidas, mostra
isso não com palavras, mas nas atitudes, gestos, comportamentos. Isso é
exagero? A resposta poderá ser dada por quem passou e passa pela sala de aula,
por quem ensina e aprende. Algo de humano, bom, verdadeiro sempre fica quando
as coisas são feitas com verdades, seriedade e coração!
Ainda refletindo com
Prost (2008), para perceber se a importância do historiador em sala de aula e
no seu espaço, onde está, onde contribui para a história ser revitalizada e não
algo que já passou, onde apenas as lembranças persistem :
Apesar de todos os esforços que vier a
despender para se colocar, pelo pensamento, no lugar de outros, o historiador
não deixará de ser ele mesmo; nunca chegará a tornar-se outro, seja qual for o
espaço de compreensão para que possa fazer. Ele re-pensa, re-constititui em sua
mente, a exigência humana coletiva da qual está fazendo a história.Em vez dos
pensamentos, sentimentos, emoções e motivos das personagens, humildes ou
eminentes, acompanhadas passo a passo em seus documentos, ele expõe seus
próprios pensamentos; essa é a maneira como ele re-pensa o passado. A história
é o re-pensamento, a re-ativaçao a re-açao no presente, pelo historiador de
coisas, outrora, haviam sido pensadas, experimentadas e praticadas por outras
pessoas. Faça o que fizer, o historiador não pode deixar de ser ele mesmo
(PROST, 2008, p. 150).
Ele, historiador, tendo
consciência do seu papel e importância
como formador e gerador de opiniões, procurará ser ele mesmo em sala de
aula, na relação com os alunos, procurando levá-los a tomar consciência deles
como aprendizes, sujeitos que estão se formando, tomando assim consciência de
suas histórias pessoais que vão compor a história maior: do grupo, do meio
social e como sujeito da história como um todo. Tendo o formador/a consciência
de si conhecendo se como pessoa, com suas qualidades, grandezas, limitações e
possibilidades, sem duvida terá muitas condições para ver, compreender e
contribuir para que os alunos tenham essa dimensão da vida.
Ainda refletindo com
Prost:
Neste sentido, pode se dizer que toda
História é um autoconhecimento: CÉU-KNOWLEDGE. O conhecimento do passado é,
também, a mediação pela qual o historiador prossegue a busca de si mesmo. Pode
ocorrer que, em certo período de sua vida, ele não preste atenção à determinada
História à qual, em outro período irá apegar-se; com o decorrer do tempo, irá
compreender o que ele não havia percebido anteriormente. Em relação aos
historiadores, os ensaios de ego-história, apesar de todo o seu interesse,
fornecem menos informações que a leitura de seus livros. Após uma digressão,
voltamos a encontrar, aqui, a imagem de Michelet: o historiador é filho de suas
obras. No entanto, ao descobrir-se, o historiador descobre que é capaz de se
colocar no lugar de inumeráveis personagens diferentes. Ele se recapitula, de
algum modo, em si mesmo, uma boa parte da humanidade, em uma infinidade de
situações. A historia seria menos fascinante se não combinasse, assim, um
autoconhecimento aprofundado com a descoberta dos outros (PROST, 2008, p. 151
a152).
Pode-se dizer que o homem
se perpetua em suas obras e se reconhece também nelas. Os seus feitos vão estar
estampados nas vidas daqueles e daquelas que passarem pelo seu caminho. Mesmo
que isso não seja percebido durante a ação (é o que o autor deixa claro na
afirmação acima), mas depois isto será percebido. Melhor: reconhecer que sua pratica e ação educadora estão escritas
com letras que ninguém pode apagar. A lousa, quadro negro (sem falar nos
recursos tecnológicos), vão estar
presentes na sua historia e trajetória.
Estarão ausente dos espaços físicos, mais da consciência ninguém pode
tirá-los.
De acordo com (ABUD,
2010, p.79), no que se refere ao
Estudo do meio e aprendizagem (...) o
estudo do meio representa uma excelente estratégia para a construção do
conhecimento histórico por professores e alunos pelo fato de unir pesquisa,
contato direto com um contexto (meio), sua observação e descrição, aplicação de
entrevistas, analise de elementos que compõe o patrimônio histórico e memória.
Pode facilitar assim o
estudo do meio ou contexto, a compreensão e interesse dos alunos; e, mediante
isso, o trabalho do professor poderá se tornar menos enfadonho, quando percebe
que os alunos estão aproveitando, fazendo progresso e crescendo.
Assim:
Os professores podem se valer dos
estudos do meio para construir e sistematizar o conhecimento, mostrando, por
intermédio da interação direta com o contexto e seu passado ( nosso principal
interesse), as intersecções entre
memória, patrimônio e historia e, ainda, dessa forma de conhecimento com outras
formas (ABUD, 2010, p. 79).
Dessa maneira então,
ajuda seus alunos a se antenarem com o passado, procurando à medida do possível
conhecê-lo, fazer as conexões entre memória e historia e patrimônio e os meios como realizar esta
pratica. À medida que isto é realizado em sala e os alunos são estimulados a
exercitarem a pesquisa, cada um vai descobrindo seus meios e métodos.
Ensinar historia é também
ter presente as dificuldades; como afirma Ruiz, (2013 p.76 a77): “O que
simboliza esse momento para o conhecimento histórico? Simboliza, nas palavras
de Hartog, que “não é mais possível escrever História do ponto de vista do
futuro e que o passado mesmo, e não apenas o futuro tornou-se imprevisível ou
mesmo opaco””.
Essa atitude do professor
leva os alunos a perceberem que os homens do passado, como os de hoje, tinham
suas limitações. Que o passado não é algo acabado, que já foi e se tornou
estático. Ele pode ser tão emblemático como o presente. Aprender e conhecer, não significa saber tudo; isso
não seria saber mais aprender é saber que sempre há algo para se conhecer.Tanto
se aprende, olhando para o ontem da história, como vivenciando o presente e,
querendo ir a frente; pois passado e futuro fazem intersecção no presente. A
visão da História linear, não responde às expectativas humanas; a historia é dinâmica, porque os homens são dinâmicos e
não lineares.
Há uma expressão popular
que diz: “está se vivendo e aprendendo”; ou” morrendo e aprendendo”!
Essas duas formas de
expressão dizem muito sobre o exercício do conhecimento. Saber tudo! Quem tem
tal onisciência? O homem é por demais limitado. Ainda mais agora, na era da globalização,
com a internet, as coisas chegam muito rápido, rondam o mundo, mas também
envelhecem rapidamente. Tem prazo de validade; o saber se esclerosa muito, de
um dia para a noite.
E, de acordo com (PINSKY
& PINSKY, 2013, p.13), “A História, afinal de contas, não é apenas aquilo
que aconteceu, mais a maneira pela qual nos apropriamos disso. Ao estudarmos o
passado, emitimos uma voz formada a partir de uma ótica atual”.
Essa parte aqui ilustra
muito bem a parte acima, quando se falou do presente do passado e do futuro.
Pois não tem como se olhar para o passado com os olhos do passado. Os olhos, ou
o olhar é de agora. Assim, nesse sentido, o passado pode ser atualizado à
medida que se bebe na fonte que os antepassados beberam. Assim, pode se
reafirmar que a História é mesmo dinâmica.
A lembrança, a memória
atualiza de certa forma os fatos e acontecimentos.
Segundo ( ASSMANN, 2011,
p. 19):
A afirmação de que Nora sobre a
diminuição da memória no tempo presente vai de encontro à tese defendida em um
livro feito por médicos, psicólogos e cientistas culturais norte-americanos.
Nesse trabalho fala-se justamente sobre o crescente papel da recordação na vida
publica e de um novo desconhecido significado da memória na cultura
contemporânea (...)
A memória e a recordação
podem facilitar a aproximação, a comunicação e podem também contribuir para
gerar conflitos. O fato é que estão presentes nas relações humanas. Não tem
como deixá-las esquecidas. Como esquecê-las quando se trata de questões
culturais, históricas e humanas?
Nesse artigo tratou-se de questões referentes às
implicações, conflitos, aproximações, afastamentos e parcerias no ambiente
escolar entre professor e aluno. A partir disso pode-se concluir que o trabalho
do ensino/aprendizagem é uma tarefa árdua, contudo há sempre a esperança de que isso melhore e de
certa forma já se vislumbra certa
melhoria nesse sentido mais o caminho é longo.
REFERÊNCIAS
ASMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade
aprendente. Petrópolis; RJ: Vozes, 1998.
ASMANN, Aleida. Espaço da Recordação: formas e
transformações da memória cultural. Campinas; SP: Unicamp,2011.
ABUD, Kátia Márcia. Ensino de história. Coleção ideias em ação.
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
BARROS, José D 'Assunção,
Teoria da Historia: princípios e conceitos fundamentais. V. I, Petrópolis, RJ:
Vozes, 2011.
CHEVALLAID, Yves
(www.dbd.puc-rio.br) acessado em 12/08/2013)
FREIRE, Paulo: Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Ed.
Paz e Terra, 1996.
HORN, Geraldo Balduíno
& GERMINARI, Geyso Dongley, O Ensino
de Historia e seu Currículo: teoria e método. 3° edição, Petrópolis, RJ :
Vozes, 2010.
MICELI, Paulo. Uma pedagogia da História in. PINSKY,
Jaime (org) O ensino de História: e a
criação do fato. São Paulo: contexto, 2009.
MELLO, H. Haydt de S. O
manuscrito perdido de Freud, Campinas; SP. Escuta, 1987.
NADAI, Elza. O ensino de História e a pedagogia do
cidadão in, PINSKY, , Jaime(org) O ensino de História: e a criação do fato.
São Paulo: contexto, 2009.
PATTO, Maria H. Souza: A produção do fracasso escolar história de
submissão rebeldia. São Paulo, Ed. Casa do Psicólogo, 1999.
PROST, Antoine. Doze lições sobre a História. Tradução
Guilherme João de Freitas Teixeira. Edição 2°, Belo Horizonte: autêntica, 2012.
RUIZ, Rafael. Novas formas de abordar o ensino de História
In KARNAL. Leandro (org). História na
sala de aula: conceitos praticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2013.
PINSKY, Jaime &
PINSKY. Carla, Porque gostamos de
Historia. São Paulo: Contexto, 2013.
SITES PESQUISADOS
www.dbd.puc-rio.br)
acessado em 12/08/2013
[1]Irwin Edman
é filosofo poeta: era PHD pela Universidade de Columbía. Muito popular entre os
estudantes da universidade ( educador). Nunca se afastou dos problemas práticos
da vida. Professor de filosofia nasceu em Nova York.
[2]Elias
Nazareno é doutor em sociologia pela Universidade da Barcelona. É professor
adjunto da UFG.
[3]Alexandre Martins
de Araújo é doutor em História pela UFG. É professor titular da mesma
instituição.